
Vinhos orgânicos





Onde Encontrar
Os nacionais
• Linha Da Casa no site www.vinicolagaribaldi.com.br;
• Os vinhos da Mena Kaho, no site, www.vinicolamenakaho.com.br
• Esses e outros orgânicos também podem ser encontrados na loja virtual www.vinhosnet.com.br.
Os importados
• World Wine - www.worldwine.com.br
Bourgueil “Trinch!” 2006, Catherine & Pierre Breton,
Vale do Loire, França
Château Le Puy 2004, Château Le Puy, Pauillac, França
Frileuse Clos du Tue Boeuf, Thierry Puzelat,
Vale do Loire, França
• Enoteca Saint Vin Saint www.saintvinsaint.com.br
Beaune 1er Cru, Les Reversées, 2002, Borgonha, França
Champagne Fleury, Champagne, França
Iris du Gayon, 2005, Bordeaux, França
Mas au Schiste, 2006, Languedoc, França
Naturalmente verdes
Cada vez mais, parreirais se convertem à produção de vinhos orgânicos. A natureza agradece, os sommeliers divergem
Por Oldair de Oliveira
Em época em que o ecologicamente correto está em voga, vinhos tidos como orgânicos representam uma taça cheia. No Brasil, a produção ainda é insipiente, mas, sem muito estardalhaço, cada vez mais parreirais destinados à vitivinicultura recebem uma espécie de purificação e se tornam aptos para gerarem frutos que serão transformados nesse apreciado néctar dos ecoenófilos. Não é para menos, afinal, as plantas são isentas de pesticidas, herbicidas, fungicidas e outras substâncias químicas que trazem prejuízo ao solo e à saúde humana, e a bebida recebe doses mínimas de conservante.
De acordo com a Federação Internacional de Movimentos de
Agricultura Orgânica (cuja sigla em inglês é Ifoam), a Itália é quem lidera a produção de vinhos orgânicos no mundo. A península itálica possui
mais 34 mil hectares de vinhedos dedicados a esse tipo de produção,
quase a metade de todo o montante mundial, que, em 2008, era de 80 mil. Ali, mais de 50 mil produtores trabalham com essa cultura, que
incluem alimentos, resultando em ganhos de 2,2 bilhões de euros. É de lá que vem o Montepulciano d’Abruzzo DOC Donatello Jasci,
e, da região do Piemonte, o Barollo DOCG Vinha Roccha Erbaluna.
No entanto, a estrela dessa safra é o Romanée-Conti, simplesmente, um dos vinhos mais cultuados do mundo, produzido na região francesa da Borgonha. Aliás, a França é a segunda maior vinícola orgânica do planeta, com 19 mil hectares; no entanto, é quem tem rótulos mais conceituados.
É de lá que também vêm os respeitados Château de Beaucastel e a família Chapoutier, ambos produzidos no vale do rio Rhône.
No Brasil, o pioneirismo da produção de vinhos orgânicos cabe à vinícola Juan Carrau, que, em 1997, apresentou o seu Cabernet Sauvignon.
Dois anos depois, apostou em um tipo branco, com uvas Gerwurstraminer.
A vinícola gaúcha Garibaldi, localizada na cidade de mesmo nome, é uma das que resolveram investir nesse segmento. A empresa tem uma linha completa que chega ao mercado com a marca Da Casa. Fazem parte desse grupo um tinto seco de mesa feito com as variedades Bordô e Isabel,
um branco seco de mesa de castas americanas, um espumante elaborado com a uva Lorena, além de um Malbec e um Cabernet Sauvignon. Evandro Bosa, técnico agrícola da vinícola, explica que o principal diferencial da produção de uma bebida orgânica se encontra no cultivo das plantas.
“Tudo começa na produção da uva, que é bastante diferente do convencional. Utilizamos aveia e ervilhaca para cobertura verde como forma de adubação e controle preventivo, o que também evita a erosão. Para combater moléstias típicas do frio, como antracnose, que é uma doença fúngica, usamos também cinza de fogão”, explica Bosa.
É essa originalidade que permite ao fruto alcançar o processo final de produção e seja, finalmente, transformado em vinho. Nessa fase,
existe outra diferença: uso reduzido de conservante. O único permitido é o meta-dissulfito de potássio. Em uma bebida comum, são usados 250 miligramas dessa substância por litro. No tipo orgânico, não pode superar
70 miligramas por litro. E, quando vence todos os desafios de contaminação por bactérias ou fungos pelo caminho, a bebida é engarrafada e está apta para receber um selo certificador, garantindo sua organicidade.
Segundo o enólogo Gabriel Carissimi, da Garibaldi, apesar de o orgânico
ser mais frágil, ele pode ser consumido por até três ou quatro anos depois de produzido, sem perda de cor, sabor e aroma. “São vinhos mais saborosos. Não pelo simples fato de serem orgânicos, mas em função de todo um cuidado especial que há no decorrer do processo. E isso acaba resultando em um produto melhor”, opina o enólogo.
Outra vinícola que aposta nos orgânicos é a Mena Kaho, na região de Bento Gonçalves (RS), que destina 20% de sua produção para esse segmento. Tudo começou em 2003 e, três anos depois, a empresa já estava comercializando, com o selo certificador, um tipo de vinho tinto seco de mesa. Para proteger seus vinhedos, usa apenas calda sulfocáldica (enxofre) e cinza de fogão. Já as ervas daninhas são eliminadas por meio de rocas mecânicas e da criação livre de aves que controlam insetos e formigas.
Vencendo barreiras
Segundo Lauri Zanon, supervisor de produção da Mena Kaho,
ainda há muita desinformação sobre produtos que levam o rótulo de orgânicos, mas que esse obstáculo está sendo vencido. “Há certo questionamento em saber se o produto é de fato orgânico, uma vez que
é preciso vencer uma série de barreiras para fazer com que aquela
garrafa chegue ao ponto de venda. Mas aqueles que experimentam um
bom produto orgânico, não se decepcionam”, ressalta.
Tanto zelo tem um custo. E não é à toa que os ecovinhos são mais caros.
A raiz do problema está, de novo, na forma de cultivo. Enquanto o quilo da uva orgânica fica em torno de R$ 0,75, o tipo convencional não supera
R$ 0,46. “O parreiral passa por um verdadeiro processo de desintoxicação. E isso é necessário porque a planta já está acostumada a produzir
apoiada no uso de agrotóxicos que lhe dão resistência. Portanto, ela leva
um tempo para adquirir sua resistência natural, ficando, nesse período,
mais fragilizada e sujeita a doenças”, explica Zanon.
No entanto, apesar das supostas qualidades e benefícios, difícil é entrar em uma loja especializada em vinho e conseguir um tipo orgânico. Aparentemente, em tempos do ambientalmente correto, o apelo que um produto desse tipo tem ainda não venceu a descrença, principalmente dos sommeliers mais experimentados, que dividem opiniões sobre suas possíveis qualidades. Ainda assim, como em uma seleção natural, os bons vinhos sobreviverão e encontrarão marketing a favor. Pois, do contrário, não há propaganda que salve um produto ruim. Para tirar a prova dos nove, só mesmo experimentando alguns orgânicos. Certificados, naturalmente.
Maiores produtores de vinhos orgânicos do mundo
Itália – 34 mil hectares
França – 16 mil hectares
Espanha – 16 mil hectares
Alemanha – 2,8 mil hectares