
Cigarro? Não!!



O indevido descarte das bitucas do cigarro são
as grandes causadoras de inúmeros incêndios.
A vida marinha também é afetada quando sujamos as nossas praias com elas

Fumar, além de matar, polui!
A destruição causada pelo hábito de fumar não para quando o cigarro é jogado fora. Sua bituca ou guimba, dependendo do lugar do Brasil, é causadora de um grande impacto ambiental nas metrópoles, florestas e até na vida silvestre e marinha, por conta das várias substâncias químicas existentes em sua composição
Por Jorge Toth
Gás carbônico, monóxido de carbono, amônia, benzeno, tolueno,
alcatrão, ácido fórmico, ácido acético, chumbo, cádmio, zinco, níquel,
dentre muitas outras substâncias, podem ser encontradas no cigarro e são
elas as responsáveis pelos riscos de desenvolver problemas
de saúde como cânceres, doenças coronarianas, má circulação sanguínea, enfisema pulmonar, bronquite crônica, derrames cerebrais, úlceras, osteoporose, impotência, catarata.
Todos sabem dos perigos do cigarro, um dos produtos de consumo mais vendidos no mundo. Milhares de fumantes pelo mundo afora sustentam este mercado ainda em expansão. Os fabricantes com lucros impressionantes, influência política e prestígio, estão satisfeitíssimos. Segundo a revista The Economist, os cigarros estão entre os produtos de consumo mais lucrativos do mundo. São também os únicos produtos legais que, usados como manda o figurino, viciam a maioria dos consumidores e muitas vezes matam.
Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), agência de saúde pública dos Estados Unidos, a vida dos fumantes americanos é reduzida, coletivamente, todo ano, em uns cinco milhões de anos. A conta é fácil, para cada um minuto gasto fumando, um minuto a menos de vida. A revista Newsweek faz uma terrível, mas realista comparação: “O fumo mata 420.000 americanos por ano, isso equivale a 50 vezes mais mortes do que as causadas pelas drogas ilegais”.
Países em desenvolvimento são seu alvo
Mesmo com as atuais limitações mundiais à publicidade do produto, sempre há uma maneira de aliciar novas vítimas. Os fatos mostram que os países em desenvolvimento são seu alvo, não importa o custo em vidas humanas. A África, a Europa Oriental e a América Latina são o alvo dos fabricantes, que veem nestes uma gigantesca oportunidade comercial. Segundo o Dr. Keith Ball, cardiologista britânico, com exceção da guerra nuclear ou da fome, o fumo é a maior ameaça para a saúde da África no futuro. Mas a maior mina de ouro é a Ásia. O índice de fumantes entre os asiáticos são os maiores do mundo, 58% do consumo global. Nas Filipinas, cerca de 47% dos homens adultos fumam regularmente. Na Coreia do Sul, são 49%, e na Indonésia, 57%. Só a China atualmente tem mais de 350 milhões de usuários, correspondem cerca de 35% do 1 bilhão de fumantes em todo o mundo. De acordo com a Fundação Mundial do Pulmão, os chineses consomem cerca de 2,3 trilhões de cigarros por ano. Com esses índices, certamente isso acabará em uma epidemia de câncer.
Segundo Margaret Chan, diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), "mais pessoas morrem por causa do fumo todo ano do que devido à AIDS, à tuberculose e à malária juntas". As declarações foram dadas durante o Fórum Mundial do Controle do Tabaco.
E no Brasil, qual é a nossa realidade?
No ano 2000, as campanhas publicitárias mostravam gente bonita, saudável, esportiva e inteligente, em belas paisagens e cenários, mantendo 33 milhões de brasileiros felizes no vício, mas matando 80 mil vidas anualmente. Mas era chique, e esse número de fumantes subiu até 38 milhões.
O suplemento de Saúde da PNAD de 2008 mostrava que o Brasil somava 24,6 milhões de fumantes correntes (habituais) entre os 143 milhões de pessoas da população com mais de 15 anos, ou o equivalente a 17,2% naquele ano. O Ministério da Saúde considera que os dados sobre redução da percentagem de fumantes respaldam as políticas de controle de tabagismo do Governo e as campanhas destinadas a reduzir o interesse pelo produto. “Além de incluir imagens com advertências sobre os males causados pelo tabaco nos maços de cigarro, o Ministério da Saúde também limitou a publicidade da indústria do tabaco”, explica o comunicado.
Segundo dados apurados pela Aliança de Controle do Tabagismo (ACT), foram consumidos 94,7 bilhões de cigarros no Brasil em 2009. O volume é cerca de 10% menor que o registrado no ano anterior, quando o consumo chegou a 105,6 bilhões de unidades. A queda desses números começou em 2009, quando o Governo do Estado de São Paulo, o maior mercado consumidor do País, bateu firme nas indústrias de cigarro no Brasil,
criando a Lei Antifumo paulista, que passou a restringir o fumo em lugares fechados e de uso coletivo, somando-se a um aumento da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Hoje, essa lei já atinge vários estados brasileiros e o Distrito Federal.
A Lei Nacional Antifumo, sancionada há mais de um ano e que ainda não entrou em vigor em todo o país, porque falta regulamentar os locais onde não se pode fumar. Sem isso não pode haver fiscalização.
Pela lei, fumódromos fechados não deveriam mais existir. Fumar só
em local aberto ou em casa. O fato é que melhorou a vida de quem não fuma e fez muita gente parar de fumar.
Os índices revelados pelo Ministério da Saúde de 2011 indicam uma boa notícia, o número de fumantes no País caiu para 14,8%. O índice dos que fumam mais de 20 cigarros por dia também caiu e está em 4,3%. O Brasil está entre os países com maiores taxas de fumantes que abandonaram o vício, segundo um estudo divulgado pela revista médica The Lancet. O país também tem a menor taxa de homens fumantes: 21,6%. Entre as mulheres, o país está em décimo, 13,1% das brasileiras fumam. Segundo a última pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), divulgada em abril de 2012, trazem um panorama ainda mais positivo, somente 18,1% dos homens brasileiros e 12% das mulheres admitem ser fumantes. A pesquisa coletou informações nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal.
Mas há outro lado, a poluição...
E o que acontece com as bitucas nas grandes cidades? Com o extermínio dos “fumódromos empresariais”, onde se presume que elas eram recolhidas e colocadas no lixo, os funcionários fumantes são obrigados a ir até a rua, o que ajudou várias pessoas a desistir do cigarro, mas deixando as bitucas sem destino certo. Elas são arremessadas, como em uma competição olímpica, à maior distância possível, causando grande poluição visual com impacto ambiental imediato.
Como acontece nas cidades grandes, São Paulo é extremamente impermeabilizado, ruas asfaltadas, praças sem jardins, tudo favorece, mesmo quando em uma chuva leve, a levar as bitucas para o bueiro. A capital paulista tem aproximadamente 12 milhões de pessoas, destes, 22% (2,64 milhões) fumam 13 cigarros por dia, média nacional segundo pesquisa Datafolha. Chegamos a um número estratosférico de 34.200.000 de bitucas, aproximadamente 20 metros cúbicos despejados diariamente nas ruas.
Este fato pode não nos chamar a atenção, mas sua decomposição demora, em média quatro anos, então temos 29,2 quilômetros cúbicos em nossos esgotos, o que causa um impacto ambiental sem tamanho.
Há outros fatores
O cigarro é considerado o maior poluente de ambientes domiciliares. Também é responsável pela derrubada de árvores e queimadas em prol do plantio do fumo e fabricação de lenha para abastecimento de fornalhas para o ressecamento das folhas, além de contaminar os solos pelo uso de agrotóxicos. As áreas de reflorestamento de eucalipto são muito suscetíveis ao incêndio, a planta é naturalmente combustível, tanto pela secura de sua casca, como também pelo seu óleo. Outro motivo é o excesso de folhas que caem das árvores, facilitando a propagação do fogo. As queimadas ilegais, os balões e o cigarro, graças ao descarte indevido de suas bitucas, são os grandes causadores de inúmeros incêndios nessas áreas. Além de causar perdas financeiras, e em alguns casos até de vidas humanas, os males também atingem os animais silvestres. A pouca civilidade do homem, sujando as praias, fazem vítimas até em nossa fauna marinha: há relatos de ambientalistas que encontraram bitucas no estômago de tartarugas.
Não é à toa que o cigarro é considerado um dos maiores problemas, tanto na saúde pública como ambiental, em nossa sociedade.